terça-feira, 8 de julho de 2008

O LOBO DE S. FRANCISCO



Andava o povo assustado

A fazer a montaria

Ao grande lobo esfaimado

Que tanto mal lhe fazia.




Ele levava nos dentes,

Agudos e carniceiros,

Os meninos inocentes

Que são os alvos cordeiros.




E as pessoas assaltando,

Vinha de noite, em segredo,

Com os seus olhos chamejando,

Encher a gente de medo.




Ora S. Francisco era

Incapaz de querer mal

Mesmo que fosse uma fera,

Até ao tigre-real.




Tinha tão bom coração

Que homens e bichos o amavam

E as andorinhas poisavam

Na palma da sua mão…




E como ele desejava

Que tudo vivesse em paz,

Enquanto o povo caçava,

O Santo, o Poeta que faz?




Procura o lobo cruel,

E, tendo-o encontrado enfim,

Chamou-o, e foi para ele,

Sorriu e falou-lhe assim:




-«Eu sei porque fazes mal,

«Eu sei o que te consome:

«Tu és tão mal, afinal,

«Tu és mau, porque tens fome…




«Pois bons amigos seremos,

«Para nosso e teu descando:

«E de comer te daremos

«Para poderes ser manso.




«Promete que hás-de emendar

«De vida neste momento;

«E, em sinal de juramento,

«Levanta a pata ao ar

«E põe-na na minha mão!…


Jurou o lobo e cumpriu

Depois a gente o viu

Tão mansinho como um cão

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